Durval para sempre

De novo, não foi um jogão, embora os esforços midiáticos pra que assim parecesse tenham sido enormes, como sempre. Nem tampouco houve superioridade do combinado do Mano sobre o do Sabella, formado quase que inteiramente por jogadores de um campeonato bem mais pobre e, de acordo com vários “especialistas” daqui, infinitamente mais fraco que o nosso. Em campo, contudo, o que poucos têm colhão de admitir, é que o Brasil milionário foi patético diante da “morta de fome” portenha, onde só com o salário do Neymar seria possível comprar todos os clubes locais e ainda sobraria um troco. A conquista da horrenda taça nos penais e o “oba-oba” que se seguiu a ela não passam de pura farofada.

Mas nem por isso poder-se-á dizer que o “Superclássico” não serviu pra nada. Dessa vez, ele serviu. Serviu pra que o país todo pudesse voltar a ver alguém se emocionando honesta e copiosamente com a chance de vestir aquela camisa, algo que ele não imaginava de jeito nenhum ainda ser possível a essa altura do campeonato. Se é que alguma vez pensou que iria ser. As palavras de Durval no fim do jogo, os olhos marejados e a voz embargada, fizeram tudo valer a pena.

A convocação do Durval gerou todo tipo de comentários, que iam desde os mais intrigados até os mais maldosos. Compreensível. Chamar um cara de 32 anos, de técnica questionável, que nunca figurou em qualquer lista anterior e jamais teve o nome sequer cogitado pra uma vaga, mesmo que pra uma seleção de mentirinha, é, no mínimo, muito estranho. Desde que saiu a lista, porém, Durval foi disparado o jogador mais feliz, o mais realizado, o que mais deu valor à chance recebida. Não que os demais não tenham dado. Mas pra nenhum outro a convocação representou tanto.

Muita gente de futebol mais refinado do que o do Durval já passou por ali e não valorizou tanto. Eu imagino o que esses dias junto com o grupo representaram pra ele. Poder circular pelo saguão do hotel com aquele uniforme deve ter sido uma sensação indescritível. Jogar, então, nem se fala.

A emoção demonstrada pelo Durval, esse tesão de vestir a camisa amarela, é coisa que anda em falta no mundo cada vez mais endinheirado e artificial do futebol. Quando aparece alguém que “foge à regra”, a gente tem que valorizar. Tanto quanto de bons jogadores, o Brasil precisa de gente que chegue lá imbuída desse espírito cangaceiro, que encare a chance recebida como a coisa mais importante que já lhe aconteceu e não como apenas um meio de se dar bem mais rápido na carreira. Por isso mesmo, a partir de hoje, passo a fazer campanha pro Durval estar presente em todas as convocações da seleção até o fim de sua vida.

#FicaDurval

Abraços,
Tatu